No último domingo (24 de outubro) como de costume aconteceram várias provas de corridas de rua nas principais cidades do mundo, uma em específica chamava atenção aos amantes das corridas, a Meia Maratona na cidade de Valência.
O motivo de tanto interesse é que a prova e a cidade em questão apresentam altimetria e condições climáticas excelentes para quem está treinando e disposto a correr rápido, e a prova vem se caracterizando com um nível técnico bem acima do normal nos últimos anos.
Nesta edição estava previsto duelos sensacionais no masculino e principalmente um encontro no feminino chamava muito a atenção dos especialistas, as compatriotas etíopes Letesenbet Gidey, 23 anos, recordista mundial nos 5000 m (14’06”62 em Valência) e 10000 m (29’01”03) debutante na distância de 21.097 m e Yalemzerf Yehalaw, 22 anos que correu em agosto, 1h03’44” marca que seria novo recorde mundial, mas que não foi homologado por problemas no percurso.
Pois bem! as duas saíram em busca do recorde mundial de 1h04’02” de Ruth Chepngetich marca feita em abril na cidade de Istambul (aguardando ratificação).
O que me chamou atenção, além dos ótimos resultados tanto no masculino com sete atletas correndo (sub 59’) como no feminino com oito atletas fazendo (sub 1h09’) foi a marca de 1h02’52” conquistada por Gidey.
Para nós que estamos acostumados a verificar e premiar melhor índice técnico nos meetings e nas nossas competições, inclusive Troféu Brasil, resolvi fazer um exercício e um comparativo com outras provas utilizando a tabela húngara como referência.
A pontuação deste novo recorde mundial de Meia Maratona equivale a 1326 pontos, seguindo a tabela e continuando com o exercício para comparar esta mesma pontuação com algumas provas no feminino teríamos como marcas correspondentes: 800 m (1’51”); 1500 m (3’45”); 5000 m (13’38”); 10000 m (28’36”); maratona (2h11’); salto em altura (2.11 m); triplo (16.02 m); salto com vara (5.18 m), todas estas marcas seriam recordes mundiais e para algumas a expectativa é que levem alguns anos para chegar nestas marcas e no caso de 2h11’ para a Maratona seria índice olímpico para o masculino.
É lógico que é apenas um exercício de raciocínio para brincarmos com os números, mas é possível ter uma noção do que representa esta marca da Gidey, além de ser a primeira vez que uma debutante em qualquer prova do atletismo inicia com recorde mundial.
Ficamos na expectativa, pois, ela sinalizou na sua entrevista após a vitória uma participação daqui 3 anos na Maratona e não esqueçam que ela tinha em 24 de outubro, apenas 23 anos 7 meses e 4 dias.
Do jeito que andam estas evoluções de treinamento, tecnologia, trabalho em equipe multidisciplinar e principalmente dedicação destas mulheres atletas excepcionais. Alguém duvida um sub 2h11’ para daqui a 4 anos……ou menos?
Texto: Adauto Domingues
Adauto é um dos maiores corredores do país, tendo em seu currículo, duas medalhas de ouro nos Jogos Pan-Americanos na prova de 3000 metros, em Indianápolis/87 e em Cuba/91.
Professor de Educação Física, deixou as competições nos anos 90 por conta das contusões e tornou-se treinador, tendo sido responsável pela revelação de nomes como Marilson Gomes do Santos, bicampeão da Maratona de Nova York e tri da São Silvestre, e Clodoaldo Gomes da Silva, vice da São Silvestre.